terça-feira, 5 de novembro de 2013

Grandes times de futebol da várzeaAutor(a): Mario Lopomo - Conheça esse autor
História publicada em 17/09/2007
Na várzea de São Paulo, tivemos grandes times de futebol. Lembro-me de ler na A Gazeta Esportiva, na coluna do No Mundo Futebol, amador escrita por Ângelo Lazari, Nessa coluna aparecia os grandes times do futebol da várzea. A zona norte tinha vários times bons. Na taça Ademar de barros em 1960, vários times da zona Norte, chegaram as quartas de final, que teve o América do Itaim como Campeão. Na zona norte tinha o, Maria Zélia, um time que tinha campo iluminado, um dos poucos campos da várzea que se podia jogar a noite.
O leite Vigor também se destacava, se minha memória não estiver falhando, o campo era perto da via Dutra.
Também o Silvicultura que tinha seu campo no Horto Florestal. Na zona Oeste, me, lembro do Café do Ponto, em que o campo era na estrada da Boiada, (hoje Diógenes Ribeiro de Lima).
Na zona Sul, vários times se emparelhavam em termos de times competitivos, pois uma área muito grande em terrenos de propriedade dos IAPS (IAPI, IAPC, IAPETCH, IAPB), todos depois incorporados ao INPS (hoje INSS), e também ao lado terrenos de propriedade da Ligth And Power, dava para se fazer muitos campos de futebol.
Por ali tinha o Marechal Floriano, Canto do Rio, Marítimo, Esplanada, Grêmio Floriano, América do Itaim e América da Vila Olímpia.
Em 1954 veio da Bela Vista o Grêmio Itororó, que aproveitou uma parte dos terrenos para fazer seu campo, numa área que era desprezada por muitos clubes, por ser um terreno arenoso, devido às dragas da Ligth, que a tirar detritos do Rio Pinheiros jogava naquele terreno de sua propriedade, ficando a areia em primeiro plano.
A grama crescia só pelas beiradas do campo. Mas teve uma coisa muito bonita por parte dos “bexiguentos”. Em toda volta do gramado foram plantados pés de eucaliptos, a uma distancia de dois metros. Anos mais tarde os eucaliptos tinham trinta metros, de altura, o que dava uma boa sombra, principalmente nos dias de verão. No início dos anos 1980, veio um tal Clube do Me, que tomou conta de um belo pedaço, ao lado do circuito das bicicletas, explorado pela indústria de bicicletas Monark. Passou–se a existir um feudalismo, que tomou conta de todo aquele pedaço para explorar bares, estacionamento, e colocação de Outdoors. Cometeram também um crime de ordem ambiental, derrubando todos os Eucaliptos.
Uma pena, porque hoje o chamado Parque do Povo, na Avenida Cidade Jardim, próximo à ponte Roberto Zucollo (que já foi ponte Cidade Jardim) teria dezenas de árvores cinqüentenárias.
A Vila Olímpia também colaborou muito para o engrandecimento do futebol da Zona Sul, com o Flamengo, a Portuguesa e o Juventus. Não podemos nos esquecer do Palmeirinha de Santo Amaro, que disputou a final do campeonato varzeano de 1962, time que jogava José Maria Marin, um bom meia-esquerda.
A zona Leste tinha vários times de grande potencial. O Sampaio Moreira, Palestra da Mooca, Apea do Brás. Esses times jogavam muito no campo dos adversários, e levavam muita torcida além dos 22 jogadores do primeiro e segundo quadro. Num jogo que fiz contra o Apea do Brás, os seus torcedores ficavam atrás do gol que eu defendia. Era uma gritaria enorme que eles faziam, o que tirava minha concentração. O Apea era superior ao meu time, enquanto deu, consegui segurar o zero a zero. Mas quando eles marcaram o primeiro gol os torcedores adversários invadiram o campo e chegaram a subir em minhas costas. O que paralisou o jogo por instantes para que eu recebesse massagens.
Tentamos jogar contra o Sampaio Moreira, em 1962, mas a diretoria do time da zona Leste não aceitou, devido à indisciplina, não só dos jogadores como da torcida que ia em grande numero fazendo misérias, quebrando tudo o que viesse pela frente. O que a diretoria propôs à do Flamengo da Vila Olímpia foi jogar no campo do Sampaio, que ficava no bairro do Tatuapé. O tempo foi passando e os terrenos foram minguando, os times de futebol acabando, e com ele o grande celeiro de craques. Hoje vivemos de escolinhas de futebol com campo reduzido, no tal de Futebol Society. Campo de areia. Coisa horrorosa. Eu vivi o grande futebol. Jogando por 15 anos e assistindo por mais de vinte. Vi Pelé desde que começou. Querem Mais?

e-mail do autor: mlopomo@uol.com.br

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