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Piau… o peixe pintadinho de Guaimbé
02sábadonov 2013
Publicado SÃO PAULO
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Eronides de Souza nasceu no distrito (atualmente emancipado desde 1954) de Guaimbé (SP), próximo a região de Getulina, no dia 6 de setembro de 1948. Ainda muito jovem, começou a correr atrás da bola na própria região de Getulina.
O dorminhoco Eronides jogava inicialmente como meia esquerda no time do Nove de Julho, destruindo os sistemas defensivos graças a sua habilidade e velocidade.
Então os companheiros o apelidaram de Piau, uma referência ao nome de um peixe pintadinho e muito esperto, que rouba a isca sem morder o anzol.
* O peixe Piau-três pintas vive principalmente nas margens de rios, lagos e na floresta inundada.
Eronides não gostou nem um pouco. Como apelido negado é sempre sacramentado, nunca mais voltaram a chamá-lo pelo nome e dessa forma o “Piau” passou a fazer parte de sua vida pessoal e esportiva.
Depois de uma partida onde Piau acabou com o jogo na cidade de Lins, olheiros de plantão da região não perderam tempo e levaram o “peixe pintadinho” para treinar no C.A. Linense.
Com apenas 16 anos, Piau já comia a bola e assim o fizeram assinar o popular contrato de gaveta (em branco).
Como a diretoria do Linense fixou seu valor em 50.000 cruzeiros, as rápidas passagens pelo Guarani, Juventus e Palmeiras (que chegou a oferecer 10.000 cruzeiros) não deram em nada.
Finalmente em 1966, o XV de Piracicaba ofereceu 35.000 cruzeiros e conseguiu bater o martelo. O sucesso chegou rápido e depois de apenas dois anos o Cruzeiro de Belo Horizonte estava disposto a pagar 300.000 mil cruzeiros.
Paralelamente, o São Paulo também demonstrou interesse pelo futebol de Piau. Mas o saudoso comendador D’Abronzo não queria nem ouvir esse tipo de conversa e por essa razão fixou o passe de Piau em estimados 400.000 cruzeiros.
Na partida decisiva do título da divisão de acesso de 1967, realizada em 17 de janeiro de 1968, no Estádio do Pacaembu, Piau foi o responsável por marcar um dos gols que deram o título ao alvinegro piracicabano, na vitória por 4 x 3 contra o Bragantino.
Nos anos seguintes, Piau continuou como um dos principais destaques do XV de Piracicaba, onde permaneceu até 23 de julho de 1970.
Antes da saída de Piau, o XV de Piracicaba passou por uma grande crise administrativa. Como reflexo da crise fora das quatro linhas, alguns jogadores que estavam se sentindo descontentes tiveram seus preços estipulados, entre eles estava Piau.
Emprestado para a equipe da Portuguesa de Desportos pelo prazo de 90 dias, a pedido do técnico João Avelino, o ponteiro esquerdo acabou ficando definitivamente no time rubro-verde.
Piau participou da inauguração do estádio do Canindé no começo do mês de janeiro de 1972, na excelente linha de ataque ao lado de Basílio e Cabinho.
A saída de Piau do Canindé aconteceu depois de uma derrota para o Santa Cruz por 1×0 no Parque Antarctica, pelo campeonato nacional de 1972. Conforme informações do site almalusa.net, apresento abaixo o trecho que trata da dispensa precipitada do jogador:
… Foi o seu último jogo pela Portuguesa. Aquela data ficou conhecida como a “Noite do Galo Bravo”, pois o presidente Oswaldo Teixeira Duarte afastou seis jogadores do elenco: Marinho, Lorico, Hector Silva, Samarone, Ratinho, além do próprio Piau…
Envergonhado, Piau quase não saia de casa a não ser ao lado do amigo Marinho, que também estava com os sentimentos em frangalhos. Aproveitando o “preço de liquidação”, o São Paulo não pensou duas vezes e levou Piau para o Morumbi.
Pelo São Paulo, Piau começou a dividir a posição com Paraná, que quase em seguida deixou o Morumbi. Com uma forte inflamação nos músculos, originada nos tempos da Portuguesa, Piau ganhou peso, mas não perdeu a velocidade.
Seu futebol, admirado pelo técnico Poy, não o impediu de levar um puxão de orelhas para emagrecer. Jogando como um “falso ponta”, fazendo a função de um quarto homem do meio-campo, Piau era peça importante no esquema de José Poy.
Depois do vice-campeonato da Libertadores da América em 1974, Piau foi emprestado ao Corinthians, fazendo apenas 22 jogos pela equipe do Parque São Jorge.
Retornou ao Morumbi a tempo de integrar o elenco campeão paulista de 1975. Devido a um problema crônico na cabeça do fêmur, Piau teve que abandonar a carreira em 1977, com apenas 29 anos de idade.
Com a camisa do São Paulo F.C, em duas passagens, Piau disputou 154 partidas (73 vitórias, 55 empates, 26 derrotas). * Almanaque do São Paulo – Alexandre da Costa.
Créditos de imagens e informações para a criação do texto: revista Placar (texto assinado por José Maria Aquino), site do Milton Neves, campeoesdofutebol.com.br, almalusa.net, gazetaesportiva.net, historiasdoxv.com, xareu.com.br, futeboldebotaoantigo.blogspot.com.

